quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Carnaval...




Estamos em ritimo de "Carnaval"







       


Não é à toa que o Brasil é conhecido internacionalmente como a terra do Carnaval. Mais do que a ilustre festa carioca, que atrai celebridades do mundo todo, o país ainda dispõe de diferentes festividades para foliões de qualquer classe social, além de ritmos característicos de cada região. De norte a sul, o turista brasileiro ou estrangeiro tem um leque de opções que vão desde frevo, marchinhas, samba, axé até o maracatu. A diversidade carnavalesca do Brasil ficou registrada ao longo dos anos nas páginas de VEJA.
Em 19 de fevereiro de 1969, o Carnaval estampava pela primeira vez uma capa de VEJA. Na ocasião, a reportagem mostrava as curiosidades da festa de norte a sul do país. O texto não faz apenas um retrato regional do Brasil, mas relata como funcionava a cabeça do brasileiro 42 anos atrás. Diz a reportagem: o Carnaval “une ricos e pobres no frevo de Pernambuco, separa-os em Curitiba, onde agora se toma o cuidado de eleger rainhas brancas, porque vários clubes barraram na portaria a rainha mulata no ano passado”. Minas Gerais tinha uma festa tão recatada que assemelhava-se “em prestígio e renome aos retiros espirituais”. Naquele ano, um juiz proibiu que as mulheres no estado usassem mini-saia e mini-blusa ao mesmo tempo, devendo optar por apenas uma das peças. Enquanto os mineiros eram mais reservados, o carnaval de Porto Alegre trazia um desfile de travestis com “rapazes de boas famílias trajando apenas biquínis sumários”.
O Carnaval paulista foi retratado em 1971. “O paulistano samba perpetuamente para a frente; seus pés nunca se voltam para a direção contrária ao corpo; sequer para os lados. Em suma, o paulistano samba, mas não ginga”, dizia a reportagem de VEJA. No ano seguinte foi a vez de Rio de Janeiro e Salvador ganharem destaque. Por causa da popularização do Carnaval no Rio, os preços aumentaram de uma maneira exorbitante e o número de pessoas clandestinas nos desfiles era cada vez maior. Já na Bahia, que tem como seu personagem principal o Trio Elétrico, animação e a superlotação resultavam em um certo descontrole na multidão.
No ano de 1984, o Carnaval do Rio tornou-se mais “colorido”. Com o apoio de empresários e dos próprios foliões, os homossexuais festejaram em cerca de 20 bailes exclusivos. A data também atraiu o público internacional. “Dos Estados Unidos, vieram 230 gays num voo charter, que os entregou para tudo à porta da festa. De Paris, forte reduto de travestis brasileiros, não partiu nenhum charter, mas vieram mais de 100 dos 200 rapazes que, vestidos com roupas femininas, trafegavam pelo Bois Boulogne conversando entre si em português”, dizia a reportagem de VEJA.
Quatro anos depois, em 24 de fevereiro, VEJA mostrou que Salvador havia desenvolvido um novo tipo de Carnaval, em que o sentimento de negritude tornou-se um tempero tão forte quanto a alegria. “Na base do Carnaval está a música que o anima. Foram banidos os frevos executados com guitarras, que formavam as bases musicais dos trios elétricos. Em seu lugar, entrou uma exuberante mistura de ritmos importados do Caribe. Ou ainda excentricidades – como o bolero.” O sucesso baiano cresceu tanto que chegou a incomodar os “concorrentes”. Em 1993, o então prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, causou polêmica ao declarar quatro dias antes do Carnaval que o turista que fosse para a Bahia teria “100% de chance de ser assaltado e uma grande possibilidade de ser violentado”. Em resposta, a prefeita de Salvador, Lídice da Mata, provocou ao afirmar que o Carnaval baiano “não é para inglês ver”.
Por todo o país, espalharam-se no Carnaval de 1997 as músicas com letras maliciosas e danças sensuais. A chamada sexo-música foi o tipo de som mais pedido pelos foliões. A trilha sonora dos bailes, numa favela em Salvador ou num salão iluminado no bairro paulistano dos Jardins, incluiu as músicas Segura o Tchan e Dança do Bumbum, e sucessos de outros grupos, como Dança da Garrafa e Dança do Maxixe, da Companhia do Pagode, e Dança do Pirulito, da banda baiana Cafuné. Ricos e pobres, homens e mulheres, velhos e crianças rebolaram ao som desse estilo musical nos quatro dias de Carnaval.
Ao mesmo tempo em que a sensualidade ditava o ritmo das danças, os sambas-enredo das escolas de samba decaíam. Como mostrou reportagem de VEJA de 1998,  ”nunca a produção das escolas esteve tão ruim. As letras estão cada vez mais ininteligíveis e cheias de asneiras. Não se exige de um samba-enredo a precisão de um livro de História, mas sugerir que o Brasil foi descoberto depois da Revolução Francesa é demais.”

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